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Como incorporar o folclore na Educação Infantil?
- 06/11/2020
- Category: Conteúdo Exclusivo Educação Infantil Ferramentas
O folclore na Educação Infantil é uma das ferramentas mais poderosas para cativar e ensinar os alunos dentro ou fora da sala de aula.
A comunicação das histórias e dos costumes tradicionais é imprescindível para a formação de crianças com senso crítico e compreensão dos valores que regem o mundo.
Quer conhecer mais sobre essa construção de saber que se perpetua no imaginário popular e como utilizá-la junto a seus alunos?
Então continue conosco e conheça novas ideias de conteúdo e metodologias incríveis para aplicar em sala de aula.
A importância do folclore na Educação Infantil
O Brasil é um país plural. Com dimensões continentais, nossa cultura vai desde o carimbó do Pará até as chacareras gaúchas. Conhecer cada uma dessas expressões culturais faz parte do processo de aprendizagem do aluno desde a infância.
Conhecer e reconhecer culturas que não fazem parte do cotidiano de nossas crianças é uma forma de evitar preconceitos e a xenofobia, promovendo o pleno entendimento da miscigenação.
As autoras Heloisa Ferraz e Maria Fusari ressaltam a ideia da Arte primeiro como ferramenta de entendimento do mundo e depois como forma de expressão. Isso acontece pois uma série de símbolos e significados já pré-existentes favorecem o entendimento de todo nosso mundo físico, psicológico, social, estético e cultural.
Quer ver como isso acontece? Pense, por exemplo, em um filme de terror, em que as primeiras notas graves de uma música, os movimentos lentos da câmera e aquele silêncio apavorante já dão uma pista do que vai acontecer a seguir. A percepção sobre isso não requer nenhum dom de premonição, mas sim uma interpretação lógica dos signos artísticos.
O processo de aprendizagem da criança é muito semelhante: por meio de histórias, músicas e brincadeiras, ela desenvolve competências e habilidades que serão úteis para o resto da sua vida.
O folclore, na Educação Infantil, possui justamente esse papel: auxiliar a criança a compreender mais sobre a comunidade na qual ela está inserida e, consequentemente, sobre ela mesma.
Fábio Kravec Gonçalves e Edilene Hatschbach Graupmann consideram o folclore uma peça chave na interação entre a criança e a sociedade, favorecendo a interação entre cultura, linguagem, costumes, instituições e conteúdos. Para que a criança de fato esteja inserida nesse contexto social, e mais importante do que isso, se sinta parte de um coletivo, o entendimento de toda essa carga histórica é essencial.
Ao estudar as manifestações folclóricas, cria-se uma significância para os costumes de um povo, diferenciando grupos culturais uns dos outros. E a identidade da criança vai sendo construída alinhada a um contexto social por meio de uma aprendizagem lúdica e divertida
O folclore brasileiro traz possibilidades incríveis para os educadores
A palavra folclore, em tradução do seu termo original folk lore, surgiu na Inglaterra e significa o saber do povo.
Como não poderia ser diferente, a pluralidade cultural do nosso país gera tradições completamente diferentes de norte ao sul.
Mas não se pode confundir o folclore brasileiro com as lendas de determinadas regiões. As lendas fazem parte do folclore, mas este não se resume a elas. As manifestações folclóricas podem ser vistas em festas, cantigas de roda, brincadeiras e muito mais.
Para se inteirar das possibilidades de trabalhar o folclore na Educação Infantil, confira as diversas fontes que podem ser inspiradoras para seus alunos.
Festas folclóricas
Elas são a expressão coletiva da cultura. Confira as principais festas folclóricas do país que podem servir como objeto de estudo dos alunos.
Cavalhada (São Paulo): é uma festa trazida pelos Europeus. Representa a luta entre os cristões e os mouros. Trata-se da encenação de uma luta, com a formação de dois grupos com 12 cavaleiros cada. Os mouros são representados pela cor vermelha. Os cristãos são representados pela cor azul. Todos usam armas e montam cavalos, assim como os cavaleiros da época medieval, No final da festividade, os cavaleiros cristãos saem vencedores e convertem os mouros para o Cristianismo.
Festa do Boi Bumbá (Parintins): essa festa acontece em Parintins, no Amazonas, no mês de junho. É o maior espetáculo folclórico do mundo. Durante três noites do último fim de semana de junho, a céu aberto, no chamado bumbódromo, os alegóricos Boi Garantido (vermelho) e Boi Caprichoso (azul) se enfrentam num enredo de conflito e ressurreição.
Festa Nacional da Uva (Caxias do Sul): essa festa celebra a imigração italiana e a uva, fruto essencial para o desenvolvimento da região Sul. Principal evento da região, a festa da Uva expõe lançamentos e produtos que abrangem desde artigos típicos produzidos pela comunidade local até serviços e produtos das indústrias da região.
Cantigas de roda
Versando sobre temas lúdicos e acontecimentos mitológicos, as cantigas de roda são ótimas opções para a socialização dos alunos.
Por meio da música e do ritmo, desenvolvem-se as capacidades de comunicação e expressão em público.
Aqui você encontra uma lista completa com 15 cantigas de roda para soltar a voz dos pequenos.
Brincadeiras folclóricas
Fundamentais para o desenvolvimento motor, físico, afetivo, intelectual e social da criança, as brincadeiras folclóricas são, na sua essência, uma ferramenta de socialização e ressignificação do mundo, com as quais a criança aprende valores e costumes por meio da realização de atividades lúdicas.
No coletivo, as brincadeiras folclóricas contribuem para preservar as histórias de comunidades, cujas tradições são transmitidas de geração em geração.
De forma individual, a criança aprende a conviver conforme um conjunto de regras previamente estabelecidas, já que toda brincadeira possui limites bem delimitados acerca do que os jogadores podem ou não fazer.
Confira três ideias de brincadeiras folclóricas que podem ser incorporadas a seu Plano de Aulas da Educação Infantil.
Amarelinha
Tradicionalmente jogada em grupos, a amarelinha ajuda o aluno a desenvolver habilidades motoras, perspectiva de visão e estratégia. Além disso, a facilidade em montar a brincadeira é um diferencial, consistindo apenas em quadrados riscados no chão que vão de 0 a 10 e no topo o céu, em formato oval.
Ideal para ambientes externos, a amarelinha é uma ótima brincadeira folclórica para as aulas de educação física ou intervalo entre períodos.
Esconde-esconde
Também conhecido como pique-esconde, é uma brincadeira que desenvolve o pensamento lógico da criança, além dos seus reflexos, já que a qualquer momento os escondidos podem buscar a imunização.
Jogada em grupo, uma pessoa fica encarregada de contar até um número (normalmente até 10) de olhos fechados e de costas para o grupo, enquanto os outros participantes se escondem. O local onde a contagem foi realizada é chamado de pique, um ponto seguro para todos os jogadores.
O jogo acaba quando todos os escondidos forem encontrados ou quando todos os escondidos conseguirem encostar no pique e dizer uma frase combinada anteriormente. Uma ótima ideia é estabelecer frases sobre a matéria que está sendo estudada como condição para ganhar o jogo.
Presença certa nos Plano de Aula da Educação Infantil que trabalham com brincadeiras folclóricas, o esconde-esconde é um dos preferidos da criançada.
Passa anel
Para vencer nessa brincadeira é necessário ter muita atenção, competência que qualquer professor quer desenvolver nos seus alunos.
A atividade em grupo consiste em escolher um jogador que passará um anel entre as mãos unidas e entreabertas de outras crianças do grupo.
A missão do passador é deixar discretamente o anel na mão de um dos jogadores. No final de cada rodada, o passador escolhe um jogador para descobrir com quem está o anel. Caso o escolhido erre, a rodada recomeça com aquele que ficou com o anel.
Simples e sem a necessidade de grandes espaços, esse exemplo de folclore na educação infantil é de fácil realização e eficiente no desenvolvimento das habilidades intelectuais dos alunos.
Vale a pena trabalhar com lendas folclóricas na Educação Infantil?
A contação de histórias é uma das metodologias fundamentais em qualquer Plano de Ensino Infantil, sendo usada para exercitar a imaginação da criança em direção a rumos até então desconhecidos.
Parafraseando a educadora Vania Dohme “As histórias são um ‘abre-te sésamo’ para o imaginário, em que realidade e fantasia se sobrepõem”. Ao ouvir histórias, todo o sistema cognitivo do aluno é acionado, e ele é convidado a conhecer novas realidades.
Fanny Abramovich sintetiza bem o papel da literatura na educação infantil ao defender que “É através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula…”.
As lendas folclóricas trazem histórias maravilhosas, que despertam a curiosidade dos alunos para dentro do seu contexto social. Em vez de ouvir histórias que aconteceram em reinos distantes, ao conhecer as lendas folclóricas o aluno vai compreender melhor o ambiente em que vive por meio do ensinamento lúdico das histórias do seu próprio país, e até mesmo do seu estado ou da sua cidade.
A integração entre a descoberta de novas realidades com o contexto social em que a criança está inserida, por meio de histórias que exploram o irreal, permite compreender melhor aquilo que é real.
Tudo isso é possível incorporando o folclore à Educação Infantil, partindo de um Plano que contemple conhecimentos sobre o tema.
O material didático CPV para Educação Infantil aborda o Folclore a partir das festas típicas do Brasil, é o conteúdo teórico que faz a diferença no aprendizado do aluno, aplicado dentro das escolas.
Boas aulas!
Referências bibliográficas usadas no artigo
SANT’ANNA, Vera Lucia Lins, Et Al, A importância das brincadeiras infantis na construção do conhecimento no ato educativo para crianças de 4 a 7 anos, Periódico Puc Minas.
GONÇALVES, F.; GRAUMANN, E.; O ensino do folclore nas escolas: A perspectiva de docentes nos anos iniciais do Ensino Fundamental, UNESPAR.
COELHO, L.; HORA, D.; Políticas públicas e gestão para a educação integral: Formação de professores e condições de trabalho., UNIRIO.
CARDOSO, A.; FARIA, M.; A contação de histórias no desenvolvimento de Educação infantil, UNINOVE.