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As intervenções didáticas na alfabetização inicial
- 13/04/2015
- Category: Notícias
A publicação da obra Psicogênese da Língua Escrita (300 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 74 reais), das argentinas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, no Brasil em 1999, foi um marco revolucionário no campo da Alfabetização. O livro provocou uma mudança paradigmática em relação ao processo de aprendizagem da língua escrita e à forma de conceber a escrita. Nele, o aluno é entendido como um sujeito intelectualmente ativo, que formula hipóteses para compreender o que a escrita representa e aprende por meio de suas ações.
Entender como as crianças aprendem e reconceitualizar o objeto de conhecimento (nesse caso, a língua escrita) foi um passo fundamental para os pequenos assumirem o protagonismo no processo de aprendizagem. Outro passo importante foi compreender o papel dos professores no novo cenário. O que cabe a ele se a criança é quem constrói o conhecimento sobre a língua escrita? Entender que o educador não é um mero observador ou espectador do processo de aprendizagem dos alunos foi estruturante para novas reflexões didáticas. Por intermédio do docente é que a língua escrita se torna um objeto de conhecimento. O desafio do profissional é planejar situações didáticas que coloquem a língua na sua função comunicativa e que os alunos possam atribuir mais sentido às tarefas propostas.
De acordo com LERNER (2002, p.105), o conhecimento didático da Alfabetização é o resultado do estudo sistemático das interações produzidas entre o professor, o aluno e o objeto de conhecimento; é produto da análise das relações entre o ensino e a aprendizagem de cada conteúdo específico; é elaborado por meio da investigação do funcionamento das situações didáticas.
Hoje sabemos que, para contribuirmos para a qualidade na aprendizagem das crianças, é importante nos debruçarmos sobre as interações produzidas entre professor, aluno e objeto de conhecimento. Quer dizer conhecer o processo de aprendizagem dos alunos sobre a língua escrita e também conhecer a língua escrita e as práticas sociais de leitura e escrita. E mais: conhecer e compreender, cada vez mais, as melhores condições didáticas que incidem sobre a aprendizagem.
Para isso, uma das grandes contribuições da última década foram as publicações dos resultados de investigações didáticas na área da Alfabetização. As análises e teorizações sobre as interações produzidas entre professor, aluno e objeto de conhecimento em diferentes situações de ensino resultaram no conhecimento de novas condições didáticas. Isto é, as investigações foram tornando observáveis as articulações entre o modo de ser do aprendiz, as estruturas epistemológicas das linguagens e as ações docentes necessárias para promover boas situações de reflexão e aprendizagem das crianças. Estas ações aparecem, por exemplo, na seleção de materiais, nas consignas, na forma de agrupar a turma, nas perguntas propostas durante as atividades, na decisão de tornar coletiva a dúvida de um aluno, na decisão de informar ou se calar e na maneira de organizar o tempo didático. Lerner (2002, p.43) ressalta: É necessário realizar investigações didáticas que permitam estudar e validar as situações de aprendizagem que propomos, aperfeiçoar as intervenções de ensino, apresentar problemas novos que só se fazem presentes na sala de aula.
Para a escola orientar situações de ensino cada vez mais eficientes, é importante refletir sobre as condições que melhor possibilitam a assimilação e coordenação progressiva de informações que levam à obtenção de significado. De acordo com Molinari (2000), nestas situações, o professor intervém claramente com a intenção de favorecer o processo de coordenação de informações entre aquilo que as crianças sabem, os dados fornecidos pelo texto e as informações proporcionadas pelo contexto no qual ele está inserido.
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/intervencoes-didaticas-alfabetizacao-inicial-852681.shtml